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Há alguns anos desenvolvo trabalhos no espaço urbano motivado por seu caráter orgânico, produzir nas ruas sempre me seduziu pelas infinitas possibilidades de ação que fogem aos controles administrativos.

Com o isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19 e a consagração da vida on-line, passei a olhar para o cyberespaço também como uma pólis, uma zona de contatos exterritorial a ser ocupada, disputando as novas praças públicas que se tornaram as redes sociais, com seus agenciamentos e inúmeros processos de subjetivação.

Em junho de 2020 estava atônito com tudo o que assistia pelas telas: o último grito de Georg Floyd, notícias do assassinato do menino João Pedro no Rio, ataques de garimpeiros em terras Yanomami, black feeds, lives inúmeras em looping, ataques à democracia, sandices de "vermes" presidindo nações em danças necropolíticas a beira do abismo, flertes com o fascimo...

Assistir monumentos sendo derrubados em Baltmore, Bristol e na Antuérpia foi um respiro que precisava diante do contexto asfixiante daqueles dias. O gesto de sair às ruas com um pano verde chroma-key surgiu ali, do desejo de tombar o status quo, da ânsia por novas memórias. Ao vestir a cor e me despir de uma identidade quis potencializar projeções livres, construir possibilidades, novas narrativas.

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